2. Rolamento para frente grupado
O solo é considerado a base de todas
outras as provas da Ginástica Artística. Os rolamentos são os primeiros
elementos a se aprender, seguidos da parada de dois apoios, estrela,...
Mas e os demais? Conhecer os movimentos é o primeiro passo para o
professor poder informar-se sobre qual deles deve ser aprendido primeiro,
qual depois, como facilitar sua aprendizagem, etc. Uma das formas de
entender o movimento é pela sua descrição técnica, que, é claro, não
substituirá nunca uma vivência. A soma das suas experiências é que deverá
ser nosso objetivo.
Portanto, apresentaremos, a seguir, a descrição técnica de alguns
elementos, e algumas deverão ser elaborada por você, estudante. Não é difícil descrever uma
atividade prática: é preciso se ater aos detalhes do movimento, para que,
ao ler, uma pessoa que nunca viu o elemento possa visualizá-lo mentalmente
com exatidão. Para facilitar a descrição, a utilização dos planos de
secção e eixos de movimento (Anatomia) será de grande ajuda. Após trabalharmos na descrição técnica
do movimento, é necessário estabelecer os pontos de maior dificuldade na
execução do movimento, e, a partir daí, tentar facilitar sua aprendizagem
através de atividades com superfícies facilitadoras, ajudas, e todos os
recursos a que possamos lançar mão na criação de atividades pedagógicas
(ou educativos), seja pelo método global, analítico ou genético. Vamos ao primeiro
elemento: 2.
Rolamento para frente grupado: Objetivos formativos de
sua aprendizagem:
Desenvolver a adaptação e domínio da alternância dinâmica de posições
corporais, experimentar a sensação de rolar e recuperar o equilíbrio,
promovendo adaptação às rotações. Material: Área plana gramada ou colchões para
ginástica, banco sueco, plano inclinado Descrição técnica de
rolamento de frente grupado:
Partindo da posição de pé com pernas unidas, flexionar os joelhos,
apoiar as mãos espalmadas no solo à frente do corpo, mãos à largura dos
ombros, cotovelos flexionados, dedos voltados para frente, flexionar a
cabeça à frente, encostando o queixo no peito e, impulsionando o corpo com
as pernas, rolar para frente sobre as costas em posição grupada, mantendo
os joelhos unidos e pés em flexão plantar ao saírem do solo. Ao completar
360 graus de rotação ao redor do eixo transversal do corpo, em
deslocamento para frente no plano sagital, finalizar o movimento em apoio
sobre os pés, elevando-se á posição de pé (ortostática), com elevação os
braços em extensão, e assumindo a postura estendida.
Formas de
ajuda: em caso de
haver apoio do alto da cabeça no solo (e não a nuca) ao rolar, há risco de
haver uma torção no pescoço, o que pode ser evitado ajudando-se o
executante a manter o queixo junto ao peito, segurando a cabeça pela nuca
empurrando-a para baixo, enquanto se conduz a realização do rolamento pela
parte posterior da coxa, com a outra mão, no sentido do giro. Sugestões de atividades individuais e
em duplas para a sua aprendizagem: - Sentar-se na borda de um
colchão ou no gramado, com as pernas flexionadas, abraçando-as com os dois
braços. Mantendo as costas arredondadas, deixar-se cair para trás,
mantendo a postura descrita anteriomente, e balançar sobre as costas, tal
e qual um “mata-borrão”. Após sucessivos balanços, sentar-se novamente de
forma contínua, conforme FIG. 1. Este exercício pode ser feito, dentre
outras, com as seguinte variações: 1- terminando na posição de pé,
tentando levantar-se sem o auxílio das mãos; 2 - pedir aos alunos que
corram livremente e, ao sinal, deitem-se em decúbito dorsal, abracem as
pernas e balancem-se algumas vezes sobre as costas arredondadas. Ao
segundo sinal, deverão correr novamente. FIGURA 1 Fonte: (Gómez, 1989: 161)
- Após prepararmos um banco sueco, onde
em uma de suas extremidades é colocado um colchão, ou mesmo superfície
gramada plana, pedir aos alunos que desloquem-se em quadrupedia
(engatinhando) sobre o banco
e, ao chegar à sua extremidade, apoiem as mãos no colchão, flexionem a
cabeça à frente e rolem sobre as costas. (FIG. 2) Caso não se disponha de
um banco sueco, esta atividade poderá ser realizada em duplas, onde um
aluno apoia as mãos no solo e estende as pernas atrás, ligeiramente
afastadas, outro aluno, posicionado entre as pernas do primeiro,
segura-lhe por debaixo dos joelhos, tal e qual um “carrinho de mão”. Após
primeiro aluno dar alguns passos com as mãos, deverá flexionar a cabeça,
encostando o queixo no peito, e rolar sobre as costas, na grama ou no
colchão. (FIG.3) FIGURA
2`
FIGURA 3 Fonte: (Gómez, 1989:
161)
Fonte: (Gómez, 1989: 173) - Preparar um plano inclinado, mas não
muito, que poderá ser feito com uma tábua apoiada em um degrau, ou banco
sueco, colocando um colchão fino sobre o mesmo. Pedir aos alunos que
executem um rolamento de cima para baixo, sobre as costas, tomando o
cuidado sempre de colocar o queixo encostado no peito. Finalizar de pé,
levantando-se sem o auxílio das mãos. (FIG. 4) Aquelas crianças que não
conseguirem se levantar sozinhas, podem contar com a ajuda de um
companheiro, que lhe dará as mãos no final do rolamento, ajudando-a a se
levantar sem tocar o solo. FIGURA 4 Fonte: (Gómez, 1989: 162) - Deslocar-se em quadrupedia
alta em terreno plano gramado, e ao chegar em um colchão ou local
pré-determinado, realizar um rolamento apoiando as mãos e nuca em desenho
feito no colchão ou grama, com a silhueta correspondente, conforme FIG.
5. FIGURA 5 Fonte: (Gómez, 1989: 163) - Rolamento de frente grupado na grama
ou no colchão, terminando de pé sem o apoio das mãos no solo no final,
para ajudar a criança levantar-se. Esta ajuda deverá ser feita por outra
pessoa (professor ou aluno), que ficará de frente para o executante, de
modo que quando este termine o rolamento, possa dar as mãos para o
ajudante, conforme FIG. 6, tendo, assim, maior facilidade para
levantar-se. FIGURA 6 Fonte: (Gómez, 1989: 164) Há outros tipos
de rolamentos, como, por exemplo, o rolamento para trás grupado,
carpado,
o rolamento para frente afastado. Todos eles devem ser aprendidos
passo-a-passo, lembrando que a ajuda
é recurso pedagógico importante, e, quando necessária, deve ser sempre
utilizada. Vamos agora ao segundo
elemento: 3.
Parada de dois apoios:
(Apoio invertido ou parada de mãos) Objetivos formativos de
sua aprendizagem:
Desenvolver principalmente o equilíbrio estático, reconhecimento da
posição invertida do corpo e excelente atividade para ganho de consciência
da tonicidade corporal (tônus muscular contraído). Material: Área plana gramada ou colchões para
ginástica, saquinhos de tecido, de aproximadamente 10cm x 20cm, com
recheio de areia; giz ou arcos (bambolês de plástico) Descrição técnica da
parada de dois apoios ou parada de mãos: "o executante deverá estar em
equilíbrio estático na posição invertida sobre suas mãos, com os braços
paralelos e bem estendidos" (SANTOS, 1985:54). Para chegar nesta posição,
faz-se um movimento no plano sagital, deslizando uma das pernas à frente
do corpo, elevar os braços estendidos, colocando-os ao lado das orelhas,
em alinhamento com o tronco. Inclinar o tronco à frente, flexionando a
articulação do quadril sobre o eixo transversal do corpo, com semi-flexão
do joelho da perna anterior. Apoiar as mãos no solo, à largura dos ombros,
lançando a perna de trás para o alto, com o joelho em extensão, sendo que
a outra perna será lançada imediatamente após a primeira, unindo-se a ela
na vertical, completamente estendidas e com os pés em flexão plantar. A
cabeça deverá ficar alinhada ao tronco. A posição deverá ser mantida por
dois segundos em equilíbrio estático, e depois o ginasta poderá descer as
pernas alternadamente, estendidas, em direção ao solo. A primeira perna a
tocar o solo irá fazer ligeira flexão de joelho, estendendo-se ao final,
após elevação do tronco, finalizando de pé, na posição ortostática. Formas de
ajuda: é importante
ajudar o executante a chegar na posição invertida, conduzindo-o pela coxa
lançada. Ao chegar na posição de apoio invertido, a ajuda de sustentação
deverá ser feita segurando-se com ambas as mãos em uma das coxas do
executante. (O ideal é que duas pessoas façam a ajuda, uma em cada coxa). A seguir, a mão que apoiava
a parte anterior da coxa descerá para o abdome, amparando o retorno das
pernas ao solo, e a mão que segurava a coxa na sua parte posterior deverá
auxiliar segurando no braço do executante, no movimento em que ele erguerá
o tronco no final da parada de mãos. Sugestões de atividades
individuais (Gómez,
1989: 153): a) Devemos fazer, inicialmente, com que as
crianças acostumem-se a sustentar o peso do corpo sobre os braços, com a
elevação dos quadris. Para
isto, podemos utilizar atividades tais como: - Deslocamento em quadrupedia,
em decúbito ventral, e ao sinal do professor, eleva-se o quadril,
estendendo os joelhos ao máximo (FIG. 1) FIGURA 1 Fonte: (Gómez, 1989: 154) - Semelhante ao exercício
anterior, porém, ao sinal, os alunos deverão elevar uma das pernas
estendidas atrás e ao alto. - Deslocarmento em quadrupedia alta,
com as pernas semi-flexionadas e passos alternados. Ao sinal do professor,
firma-se as mãos no solo, estende-se bem os braços, e, com as pernas
unidas e joelhos estendidos, a passos curtos desloca-se elevando e
abaixando o quadril. Ao segundo sinal retorna-se ao deslocamento inicial,
em quadrupedia alta. - Cada aluno em seu lugar, apoiando as
mãos no solo à frente do corpo, na largura dos ombros, braços estendidos.
Dar pequenos impulsos com as pernas, elevando o quadril e retirando os pés
do solo. (FIG. 2) Poderá ser também solicitado aos alunos que, no momento
em que os pés estiverem no alto, tentem bater palmas com os pés. Quanto
maior o número de palmas, melhor domínio do apoio invertido o aluno terá
desenvolvido. FIGURA 2 Fonte: (Gómez, 1989: 154) - Agora em deslocamento, alternando o
apoio de pés e mãos no solo, com os braços estendidos. - Colocar um saquinho de areia entre os
tornozelos da criança e pedir-lhe que se desloque para frente, alternando
o apoio de mãos e pés no solo, braços estendidos. (FIG. 3) - Deslocando-se como descrito
anteriormente, ao sinal a criança deverá soltar seu saquinho de areia e
pegar o de um colega. - Pedir agora aos alunos que, na
posição de quadrupedia,
lancem o saquinho de areia para o alto e para frente com os pés. Apoiando
as mãos no solo, à largura dos ombros e com os braços estendidos, lançar o
quadril para cima e depois as pernas unidas, soltando o saquinho no alto
da trajetória, tentando lançá-lo o mais alto possível. (FIG. 4)
FIGURA 3
FIGURA 4 Fonte: (Gómez, 1989:
155) - Em posição de quadrupedia,
com quadril alto, lançar alternadamente as pernas estendidas
para cima. Depois pedir às crianças que se desloquem nesta posição,
alternando o apoio de mãos e pés, com os braços bem estendidos,
e a perna que estiver sendo lançada atrás também estendida.
(FIG. 5) FIGURA 5 Fonte: (Gómez, 1989: 155) - Sem deslocar-se, apoiar as mãos no
solo à frente do corpo, à largura dos ombros, braços estendidos, uma perna
à frente da outra, flexionar um pouco a perna da frente e lançar a perna de trás estendida
para o alto, a outra perna é lançada logo após a primeira. A perna que foi
laçada primeiro desce na frente, em direção ao solo, acompanhada logo a
seguir da outra. O movimento se assemelha ao de uma tesoura com as pernas
no ar. O aluno deverá dar sucessivos “chutes” alternados com as pernas e
os braços estendidos.( FIG. 6) - Mesmo exercício anterior, porém,
tentando equilibrar-se por alguns instantes na posição de apoio invertido,
descendo as pernas alternadas e finalizando de pé. (FIG. 7)
FIGURA 6
FIGURA 7 Fonte: (Gómez, 1989:
156) - Desenhar no solo com giz círculos de
aproximadamente 80cm de diâmetro (um círculo para cada aluno), ou colocar
vários arcos (bambolês) espalhados no chão. Pedir às crianças que andem
livremente entre eles. Ao se aproximar de um círculo, apoiar as mãos no
solo dentro do mesmo e das “tesouradas” com as pernas estendidas no ar.
Logo o seguir, deverá retomar sua caminhada sinuosa. (FIG. 8) - Sem deslocar-se, um aluno em cada
círculo, pedir aos mesmos que apoiem as mãos dentro do círculo e mantenham
os pés fora, uma perna à frente da outra. A criança deverá lançar as
pernas alternadamente, tentando girar para um dos lados. Deixar que a
criança gire para o lado que ela tenha mais facilidade. (FIG 9)
FIGURA 8
FIGURA 9 Fonte: (Gómez, 1989: 156) - Uma perna à frente da outra, inclinar
o tronco à frente, flexionando um pouco a perna da frente, apoiar as mãos
no solo, à largura dos ombros, mãos espalmadas e braços bem estendidos.
Lançar as pernas alternadas e estendidas para trás e para o alto, primeiro
a que estava mais atrás, depois a outra, unindo-as no alto. A perna que
foi laçada primeiro desce na frente, em direção ao solo, acompanhada logo
a seguir da outra. Terminar na mesma posição de início do movimento. (FIG.
10) - O mesmo exercício anterior, onde o
aluno tenta, no momento em que as pernas estiverem no alto, golpear um pé
contra o outro o maior número de vezes possível, com as pernas estendidas,
descendo à posição de pé logo a seguir. (FIG. 11) - Parada de mãos com ajuda do professor
ou de um colega, conforme FIG. 12. Pode-se utilizar também o apoio de uma
parede para a execução da parada.
FIGURA 10
FIGURA 11
FIGURA 12 (Gómez, 1989:
58)
(Gómez, 1989) (Arnold &
Zinke, 1983)
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