PLANEJANDO AULAS

 

1. Introdução

2. Fatores determinantes do processo de ensino-aprendizagem na GA

3. Aspectos importantes ao planejar

4. Procedimentos pedagógicos

5. Estrutura geral de uma aula

 

 

  

 

1. Introdução:

Iniciação pedagógica é o ensino da técnica através de exercícios preparatórios elaborados de maneira pedagógica, com o uso, dentre outros, dos seguintes meios: explicações verbais, demonstrações, decomposição do exercício (método analítico), ajuda, processos pedagógicos, correções verbais, repetições. Antes, porém, de aplicá-la, deve-se fazer um trabalho de adaptação ou familiarização com os aparelhos, mostrando os cuidados e melhores maneiras de utilização dos mesmos.

Para conduzir corretamente o processo de ensino-aprendizagem na Ginástica Artística (GA), torna-se necessário que o professor saiba planejar e pôr em prática este planejamento para a iniciação pedagógica. É preciso facilitar ao máximo a aprendizagem por parte da criança, e utilizar maior quantidade de recursos e variabilidade de situações possíveis para prepará-lo adequadamente para a aprendizagem.

 

2. Fatores determinantes do processo de ensino-aprendizagem na GA:      

- particularidades do exercício

- capacidade do ginasta aprendiz

- duração e freqüência das aulas

- recursos materiais disponíveis

- capacidade do técnico

- orientação do processo de ensino (informação, operação, controle, correção)

 

3. Aspectos importantes ao planejar: Complementando o esquema acima, temos que, antes de planejar suas aulas, o professor de educação física deve estar atento a alguns aspectos fundamentais para o êxito de sue trabalho. Estes fatores estão relacionados a seguir BRAGA (1996):

 

- Graduação da dificuldade: de baixo para cima (do solo para os aparelhos em diferentes alturas); do seguro ao perigoso; do lento ao acelerado; do simples ao complexo (associação de elementos diversos); primeiro elementos na postura grupada, depois na carpada e por último estendida, conforme a possibilidade; exercícios de níveis diferentes, progressivamente; à frente, depois à trás e por último a combinação.

- Propor atividades que estejam ao nível de maturação e desenvolvimento da criança.

- Reforço das atividades positivas da criança.

- Sempre sugerir atividades que estimulem o desenvolvimento dos dois lados do corpo (lateralidade).

              É interessante também estar atento e conscientizar aos alunos a importância das ajudas para a realização dos exercícios mais complexos, como norma básica de segurança. Uma boa preparação teórica do professor é recomendável, através da sondagem da técnica e métodos didáticos e progressões pedagógicas mais indicadas para o ensino do elemento planejado.

           

4. Procedimentos pedagógicos LEGUET (1987:22) indica alguns procedimentos metodológicos, que poderão ser adotados na aplicação do programa sistematizado de ginástica olímpica escolar, proposto neste estudo, a saber:

- Procedimento analítico: “consiste numa análise do exercício técnico, dividido cronologicamente em fases (preparatória, de ação, final) resultado de uma progressão destinada a evitar os erros quando se realiza o gesto exato”.

- Procedimento global: “consiste em fazer globalmente” o exercício, para depois fazer as devidas correções técnicas.

- Procedimento genético: enriquecimento e aperfeiçoamento da motricidade do indivíduo, colocando-a diante de situações variadas, que lhe induzam a transformar-se. Esta transformação se dá através da aprendizagem de novas formas de movimento.

            Tais procedimentos serão utilizados de acordo com a técnica a ser ensinada e também com o grau de dificuldade da mesma. Para exercícios mais simples, o melhor método é o global. Fazer um rolamento para frente grupado é tão simples que pode ser experimentado globalmente, logo da primeira vez. Exercícios complexos devem ser fracionados e ensinados passo a passo, com a elaboração de seqüências pedagógicas de atividades, através do método analítico. Esta análise do movimento informará detalhes de execução indispensáveis para a realização precisa do gesto: posição das mãos na estrela, por exemplo. Os procedimentos genéticos podem ser adotados em qualquer nível de atividade, para desenvolver habilidades que são importantes para a ginástica, como, por exemplo, saltar, correr com velocidade, etc. Trata-se da descoberta de suas possibilidades de ação, suas habilidades, no aperfeiçoamento e controle de seus movimentos.

            O método pedagógico utilizado (situações diversificadas) para o ensino de cada exercício deve permitir a obtenção da “leveza” desejada e das aquisições de habilidades específicas. Efetividade e eficácia nos movimentos irão construir a eficiência motora desejada.

 

5. Estrutura geral de uma aula: Uma aula bem organizada de ginástica olímpica, deverá estruturar-se de acordo com alguns fatores determinantes, como, por exemplo, o nível técnico inicial das crianças, o tempo de duração da sessão, o material disponível e os objetivos a serem alcançados. Podemos espelhar-nos no modelo de CARRASCO (1982: 60), apresentado a seguir, devendo-se considerar que adaptações devem ser feitas de acordo com os objetivos propostos para cada aula.  

 

ANDAMENTO GERAL DE UMA AULA

 

Início de Aula

- Aquecimento cárdio-pulmonar

1

AQUECIMENTO

PREPARAÇÃO

- Condicionamento articular, muscular, em relação ao conteúdo dos exercícios em estudo

- Estudo das colocações e das estruturas posturais

 

Local de Aula

- Colocação de mini-circuitos para cada exercício estudado

2

ESTUDO DOS EXERCÍCIOS

EM OFICINAS:  (Atividades pedagógicas)

- Fortalecimento da situação inabitual

- Fortalecimento das estruturas de atividades

- Fortalecimento das estruturas de atividades, se possível em situação inabitual

 

 

NO APARELHO PRINCIPAL:

- Realização global do exercício

 

Término da Aula

- Aumento das condições de flexionamento (flexibilidade)

3

MELHORIA DAS QUALIDADES FÍSICAS

- Aumento das condições de força (em relação às estruturas de atividades específicas aos exercícios estudados)

QUADRO 1 - Andamento Geral de uma Aula (CARRASCO,1982: 60)

 

            De acordo com HOSTAL (1982:13), a aula pode ser organizada também em forma de circuito. Esta organização ocupará toda a área disponível sendo composta de sete ou oito bases de trabalho, ou “estações”, que proporão, cada uma delas, uma situação original ou exercícios já trabalhados. O movimento será enriquecido até chegar ao nível de mini-combinação. Os próprios alunos/ginastas poderão fazer a ajuda conduzindo as execuções de seus colegas de grupo. Durante a aula, que começará com o aquecimento, serão alternados tempos fortes e fracos. Nos tempos fortes, o ritmo das atividades do circuito será vivo e constante, e já os tempos fracos serão considerados como período de recuperação, durante os quais serão solicitados exercícios de flexibilidade, de fortalecimento muscular, realizados em ritmo de moderado a fraco, de acordo com a capacidade da turma.

            O circuito pode ser planejado de três formas diferentes, de acordo com o objetivo que se pretende alcançar.

- Os alunos são divididos em pequenos grupos pelas diversas bases de trabalho, e cumprem determinado tempo ou numero de repetição da atividade de cada base, trocando com outros colegas, de forma organizada. Desta forma, ao final do circuito todos os grupos terão obrigatoriamente que ter passado por todas as estações propostas pelo professor, uma ou várias vezes, de acordo com o número de repetições do circuito;

- a criança vai livremente para a base de trabalho, onde se sentir mais à vontade;

- a criança é encaminhada à base de trabalho onde a atividade programada lhe apresenta maior dificuldade, representando a destreza que ela mais precisa desenvolver, dentro, é claro, de suas condições e limitações.

            É importante que os alunos sejam envolvidos na preparação das bases de trabalho, organizando o material.  De uma aula para outra é importante variar bastante as atividades.

            As vantagens do trabalho em circuitos se apresenta pela economia de tempo, colocando todos os alunos em atividade simultânea, cada um de acordo com seu ritmo, respeitando as exigências aceitas coletivamente no início da aula. Pode-se utilizar todo o material e espaço disponível de uma só vez, e o número de tentativas de execução multiplica-se. O relacionamento professor-aluno (treinador-ginasta) melhora e a solidariedade é estimulada nas crianças, pois em cada grupo, elas ajudam-se, aconselham-se, preparam-se mutuamente, criando um espírito de equipe sadio. Neste sistema de trabalho, os tímidos conseguem vencer mais facilmente, em um clima de confiança e colaboração.

            Segundo CARRASCO (1982:57) o trabalho em circuitos vai facilitar a análise de resultados e meios por parte dos alunos/ginastas. Neste trabalho há um ajustamento voluntário do aluno, durante as tentativas e condutas exploradas (repetições), que permite a tomada de consciência e obtenção da vitória, sua renovação, sua estabilização e consolidação.