História
da Educação Física
Tudo
começou quando o homem primitivo sentiu a necessidade de lutar, fugir
ou caçar para sobreviver. Assim o homem à luz da ciência executa os
seus movimentos corporais mais básicos e naturais desde que se colocou
de pé: corre, salta, arremessa, trepa, empurra, puxa e etc.
CHINA -
Como Educação Física as origens mais remotas da história
falam de 3000 A. C. lá na China. Um certo imperador guerreiro, Hoang
Ti, pensando no progresso do seu povo pregava os exercícios físicos
com finalidades higiênicas e terapêuticas além do caráter guerreiro.
ÍNDIA - No começo do primeiro milênio, os exercícios físicos
eram tidos como uma doutrina por causa das "leis de Manu", uma espécie
de código civil, político, social e religioso. Eram indispensáveis
às necessidades militares além do caráter fisiológico. Buda, atribuía
aos exercícios o caminho da energia física, pureza dos sentimentos,
bondade e conhecimento das ciências para a suprema felicidade do Nirvana,
(no budismo, estado de ausência total de sofrimento).
O Yoga, tem suas origens na mesma época retratando os exercícios ginásticos
no livro "Yajur Veda" que além de um aprofundamento da Medicina, ensinava
manobras massoterápicas e técnicas de respirar.
JAPÃO
- A história do desenvolvimento das civilizações sempre esbarra na
importância dada à Educação Física, quase sempre ligados aos fundamentos
médicos-higiênicos, fisiológicos, morais, religiosos e guerreiros.
A civilização japonesa também tem sua história ligada ao mar devido
à posição geográfica além das práticas guerreiras feudais: os samurais.
EGITO - Dentre os costumes egípcios estavam os exercícios
Gímmicos revelados nas pinturas das paredes das tumbas.
A ginástica egípcia já valorizava o que se conhece hoje como qualidades
físicas tais como: equilíbrio, força, flexibilidade e resistência.
Já usavam, embora rudimentares, materiais de apoio tais como tronco
de árvores, pesos e lanças.
GRÉCIA
- Sem dúvida nenhuma a civilização que marcou e desenvolveu a Educação
Física foi a grega através da sua cultura. Nomes como Sócrates, Platão,
Aristóteles, e Hipócrates contribuíram e muito para a Educação Física
e a Pedagogia atribuindo conceitos até hoje aceitos na ligação corpo
e alma através das atividades corporais e da música. "Na música a
simplicidade torna a alma sábia; na ginástica dá saúde ao corpo" Sócrates.
É de Platão o conceito de equilíbrio entre corpo e espírito ou mente.
Os sistemas metodizados e em grupo, assim como os termos halteres,
atleta, ginástica, pentatlo entre outros, são uma herança grega. As
atividades sociais e físicas eram uma prática até a velhice lotando
os estádios destinados a isso.
ROMA -
A derrota militar da Grécia para Roma, não impediu a invasão cultural
grega nos romanos que combatiam a nudez da ginástica. Sendo assim,
a atividade física era destinada às práticas militares. A célebre
frase "Mens Sana in Corpore Sano" de Juvenal vem desse período romano.
IDADE MÉDIA - A queda do império romano também foi muito negativo
para a Educação Física, principalmente com a ascensão do cristianismo
que perdurou por toda a Idade Média. O culto ao corpo era um verdadeiro
pecado sendo também chamado por alguns autores, de "Idade das Trevas".
A RENASCENÇA
- Como o homem sempre teve interesse no seu próprio corpo, o período
da Renascença fez explodir novamente a cultura física, as artes, a
música, a ciência e a literatura. A beleza do corpo, antes pecaminosa,
é novamente explorada surgindo grandes artistas como Leonardo da Vinci
(1452-1519), responsável pela criação utilizada até hoje das regras
proporcionais do corpo humano.
Consta desse período o estudo da anatomia e a escultura de estátuas
famosas como por exemplo a de Davi, esculpida por Michelângelo Buonarroti
(1475 - 1564). Considerada tão perfeita que os músculos parecem ter
movimentos. A dissecação de cadáveres humanos deu origem à Anatomia
como a obra clássica "De Humani Corporis Fábrica" de Andrea Vesalius
(1514-1564).
A volta de Educação Física escolar se deve também
nesse período a Vitorio de Feltre (1378-1466) que em 1423 fundou a
escola "La Casa Giocosa" onde o conteúdo programático incluía os exercícios
físicos.
ILUMINISMO - O movimento contra o abuso do poder no campo social
chamado de iluminismo surgido na Inglaterra no século XVII deu origem
a novas idéias. Como destaque dessa época os alfarrábios apontam:
Jean-Jaques Rousseau (1712-1778) e Johann Pestalozzi (1746-1827).
Rousseau propôs a Educação Física como necessária à educação infantil.
Segunde ele, pensar dependia extrair energia do corpo em movimento.
Pestalozzi foi precursor da escola primária popular e sua atenção
estava focada na execução correta dos exercícios.
IDADE CONTEMPORÂNEA - A influência na nossa ginástica localizada começa
a se desenvolver na Idade Contemporânea e quatro grandes escolas foram
as responsáveis por isso: a alemã, a nórdica, a francesa, e a inglesa.
A alemã, influenciada por Rousseau e Pestalozzi,
teve como destaque Johann Cristoph Friederick Guts Muths (1759-1839)
considerado pai da ginástica pedagógica moderna.
A derrota dos alemães para Napoleão deu origem a outra ginástica.
A turnkunst, criada por Friederick Ludwig Jahn (1788-1825) cujo fundamento
era a força. "Vive Quem é Forte", era seu lema e nada tinha a ver
com a escola. Foi ele quem inventou a barra fixa, as barras paralelas
e o cavalo, dando origem à Ginástica Olímpica.
A escola voltou a ter seu defensor com Adolph Spiess
(1810-1858) introduzindo definitivamente a Educação Física nas escolas
alemãs, sendo inclusive um dos primeiros defensores da ginástica feminina.
A escola nórdica escreve a sua história através de Nachtegall (1777-1847)
que fundou seu próprio instituto de ginástica (1799) e o Instituto
Civil de Ginástica para formação de professores de Educação Física
(1808).
Por mais que um profissional de Educação Física
seja desligado da história, pelo menos algum dia já ouviu falar em
ginástica sueca, um grande trampolim para o que se conhece hoje. Per
Henrik Ling (1766-1839) foi o responsável por isso levando para a
Suécia as idéias de Guts Muths após contato com o instituto de Nachtegall.
Ling dividiu sua ginástica em quatro partes: a pedagógica - voltada
para a saúde evitando vícios posturais e doenças, a militar - incluindo
o tiro e a esgrima, a médica - baseada na pedagógica evitando também
as doenças e a estética - preocupada com a graça do corpo.
Alguns fundamento ideológicos de Ling valem até
hoje tais como o desenvolvimento harmônico e racional, a progressão
pedagógica da ginástica e o estado de alegria que deve imperar uma
aula. Claro, isso depende do austral e o carisma do profissional.
Um do seguidores de Ling, o major Josef G. Thulin
introduz novamente o ritmo musical à ginástica e cria os testes individuais
e coletivos para verificação da performance.
A escola Francesa teve como elemento principal o espanhol naturalizado
Francisco Amoros Y Ondeano (1770-1848).
Inspirado em Rabelais, Guts, Jahn e pestalozzi,
dividiu sua ginástica em: Civil e Industrial, Militar, Médica e Cênica.
Outro nome francês importante foi G. Dêmey (1850-1917). Organizou
congresso, cursos (inclusive o Superior de Educação Física), regiu
o Manual do Exército e também era adepto à ginástica lenta, gradual,
progressiva, pedagógica, interessante e motivadora.
O método natural foi defendido por Georges Herbert
(1875-1957): correr, nadar, trepar, saltar, empurrar, puxar e etc.
A nossa Educação Física, a brasileira teve grande
influência na Ginástica Calistenia criada em 1829 na França por Phoktion
Heinrich Clias (1782-1854).
A escola inglesa baseava-se nos jogos e nos esportes,
tendo como principal defensor Thomas Arnold (1795-1842) embora não
fosse o criador. Essa escola também ainda teve a influência de Clias
no treinamento militar.
A CALISTENIA - É por assim dizer, o verdadeiro marco do desenvolvimento
da ginástica moderna com fundamentos específicos e abrangentes destinada
à população mais necessitada: os obesos, as crianças, os sedentários,
os idosos e também às mulheres.
Calistenia, segundo Marinho (1980) citado por Marcelo
Costa, vem do grego Kallos (belo), Sthenos (força) e mais o sufixo
"ia".
Com origem na ginástica sueca apresenta um divisão
de oito grupos de exercícios localizados associando música ao ritmo
dos exercícios que são feitos à mão livre usando pequenos acessórios
para fins corretivos, fisiológicos e pedagógicos.
Os responsáveis pela fixação da Calistenia foram
o Dr. Dio Lewis e a (A. C. M.) Associação Cristã de Moços com proposta
inicial de melhorar a forma física dos americanos que mais precisavam.
Por isso mesmo, deveria ser uma ginástica simples, fundamentada na
ciência e cativante. Em função disso o Dr. Lewis era contra os métodos
militares sob alegação que as mesmas desenvolviam somente a parte
superior do corpo e os esportes atléticos não proporcionavam harmonia
muscular. Em 1860 a Calistenia foi introduzida nas escolas americanas.
No Brasil dos anos 60 começou a ser implantada nas
poucas academias pelos professores da A. C. M. ganhando cada vez mais
adeptos nos anos 70 sempre com inovações fundamentadas na ciência.
Sendo assim o Dr. Willian Skarstrotron, americano de origem sueca,
dividiu a Calistenia em 8 grupos diferentes do original: braços e
pernas, região póstero superior do tronco, póstero inferior do tronco,
laterais do tronco, equilíbrio, abdômen, ombros e escápulas, os saltitos
e as corridas.
Nos anos 80 a ginástica aeróbica invadiu as academias
do Rio de Janeiro e São Paulo abafando um pouco a calistenia. Como
na Educação Física sempre há evolução também em função dos erros e
acertos. Surge então, ainda no final dos anos 80
a ginástica localizada desenvolvida com fundamentos teóricos dos métodos
da musculação e o que ficou de bom da Calistenia. A ginástica aeróbica
de alto impacto causou muitos microtraumatismos por causa dos saltitos
em ritmos musicais quase alucinantes. A musculação surgiu com uma
roupagem nova ainda nos anos 70 para apagar o preconceito que algumas
pessoas tinham com relação ao Halterofilismo.
Hoje, sob pretexto da criatividade, a ginástica
localizada passa por uma fase ruim com alguns professores ministrando
aleatoriamente, aulas sem fundamentos específicos com repetições exageradas,
fato que a ciência já reprovou, principalmente se o público alvo for
o cidadão comum.
A EDUCAÇÃO FÍSICA NO BRASIL
Os índios - No Brasil colônia - Os primeiros habitantes, os índios,
deram pouca contribuição a não ser os movimentos rústicos naturais
tais como nadar, correr atrás da caça, lançar, e o arco e flecha.
Na suas tradições incluem-se as danças, cada uma com significado diferente:
homenageando o sol, a lua, os Deuses da guerra e da paz, os casamentos
etc. Entre os jogos incluem-se as lutas, a peteca, a corrida de troncos
entre outras que não foram absorvidas pelos colonizadores. Sabe-se
que os índios não eram muito fortes e não se adaptavam ao trabalho
escravo.
Os negros e a capoeira - Sabe-se que vieram para
o Brasil para o trabalho escravo e as fugas para os Quilombos os obrigava
a lutar sem armas contra os capitães-do-mato, homens a mando dos senhores
de engenho que entravam mato a dentro para recapturar os escravos.
Com o instinto natural, os negros descobriram ser o próprio corpo
uma arma poderosa e o elemento surpresa. A inspiração veio da observação
da briga dos animais e das raízes culturais africanas. O nome capoeira
veio do mato onde entrincheiravam-se para treinar.
"Um estranho jogo de corpo dos escravos desferindo coices e marradas,
como se fossem verdadeiros animais indomáveis". São algumas das citações
de capitães-do-mato e comandantes de expedições descritas nos poucos
alfarrábios que restaram. Rui Barbosa mandou queimar tudo relacionado
à escravidão.
Brasil Império - Em 1851 a lei de n.º 630 inclui
a ginástica nos currículos escolares. Embora Rui Barbosa não quisesse
que o povo soubesse da história dos negros, preconizava a obrigatoriedade
da Educação Física nas escolas primárias de secundárias praticada
4 vezes por semana durante 30 minutos.
Brasil República - Essa foi uma época onde começou
a profissionalização da Educação Física.
As políticas públicas - Até os anos 60 o processo ficou limitado ao
desenvolvimento das estruturas organizacionais e administrativas específicas
tais como: Divisão de Educação Física e o Conselho Nacional de Desportos.
Os anos 70, marcado pela ditadura militar, a Educação
Física era usada, não para fins educativos, mas de propaganda do governo
sendo todos os ramos e níveis de ensino voltada para os esportes de
alto rendimento.
Nos anos 80 a Educação Física vive uma crise existencial
à procura de propósitos voltados à sociedade. No
esporte de alto rendimento a mudança nas estruturas de poder e os
incentivos fiscais deram origem aos patrocínios e empresas podendo
contratar atletas funcionários fazendo surgir uma boa geração de campeões
das equipes Atlântica Boa Vista, Bradesco, Pirelli entre outras.
Nos anos 90 o esporte passa a ser visto como meio
de promoção à saúde acessível a todos manifestada de três formas:
esporte educação, esporte participação e esporte performance.
A Educação Física finalmente regulamentada é de
fato e de direito uma profissão a qual compete mediar e conduzir todo
o processo.
Os passos da profissão:
1946 - Fundada a Federação Brasileira de Professores de Educação Física.
1950 a 1979 - Andou meio esquecida com poucos e infrutíferos movimentos.
1984 - Apresentado 1º projeto de lei visando a regulamentação da profissão.
1998 - Finalmente a 1º de setembro assinada a lei 9696 regulamentando
a profissão com todos os avanços sociais fruto de muitas discussões
de base e segmentos interessados.
Literatura Consultada:
1) Costa, Marcelo Gomes - Ginástica localizada. Ed. Sprint, 2ª edição,
R.J.1998.
2) Silva N.Pithan Atletismo Ed. Cia Brasil editora 2ª Ed. São Paulo
3) Steinhilber, Jorge. Profissional de Educação Física Existe? Ed.
Sprint, Rio de Janeiro R.J. 1996.
Sugestão de Literatura do CDOF: Educação Física Progressista - Paulo Ghiraldelli Júnor
- Edições Loyola
Fonte: Prof. Luiz
Carlos de Moraes
|