História do Atletismo
 
 

Coroebus de Ilia. De armadura e escudo, como todos na pista, ele foi o primeiro vencedor olímpico ao faturar os 193m da prova de velocidade, a única dos Jogos inaugurais da Grécia Antiga, em 776 a.C. Muitos discípulos correram mais do que o mestre Coroebus. A sabedoria helênica, porém, premiava seus campeões com a aura da imortalidade: os feitos e marcas eram superados, jamais apagados. Chionis de Olímpia, campeão do salto em distância em 656 a.C., é um bom exemplo. Se a arqueologia não se confundiu nos registros erodidos que encontrou, sua marca foi de 7m05. Um recorde que atravessaria mais de dois milênios de história. Sua coroa de folhas de oliveira brilharia até nos Jogos de Atenas-1896, quando o norte-americano Ellery Clark precisou de apenas 6m35 para ganhar a medalha de ouro. Se competisse em Paris-1900 e Saint Louis-1904, o grego subiria ao pódio nas duas vezes ­ seria bronze e prata. Chionis é imortal, sim. Ou quase.

Em 708 a.C., o salto era uma das provas do pentatlo original, modalidade criada pelos sábios gregos para satisfazer a ferocidade dos soldados espartanos ­ os outros combates, diziam os brutamontes, eram leves demais. Os valentes iam se eliminando pelo salto, pelo lançamento de dardo, pela corrida e pelo arremesso de disco. Quando restavam apenas dois atletas, lutavam até que um se exaurisse.

Os vencedores de Olímpia eram vistos como atletas completos e recebiam privilégios durante toda a vida. E, mesmo mortos, prosseguiam eternizados em versos ou na pedra. Foi assim com muitos. Um deles até inspirou a mais famosa escultura da Grécia Antiga. Discobolus ­ como mais tarde passou a ser chamado ­ impressionou com seu vigor físico o artista, e este, com o bronze, toda a humanidade. O disco de Discobolus voou por séculos e aterrissou na Grécia em 1896, quando foi acolhido nos Jogos de Atenas, ocasião em que se incluíram também os saltos em altura, triplo e com vara, criado na Irlanda há mais de dois mil anos. Em Sydney, as mulheres arremessarão pela primeira vez o martelo e saltarão com vara. Assim, lutarão pelas mesmas oito medalhas de campo do atletismo que os homens. O martelo, que aparece num quadro do rei inglês Henrique 8º- da primeira metade do século 16, entrou para os Jogos em Paris-1900. Oito anos depois, em Londres, foi a vez do dardo, para conferir quem o manda mais longe.

Em Olímpia vencia o mais preciso ­ valia a perícia de guerra. Mas, por melhores guerreiros que se mostrassem os atletas, nenhum venceu Teodósio. Convertido ao cristianismo para fazer uma média com a Igreja, o truculento imperador romano tachou os Jogos de pagões, panteístas e os proibiu. O atletismo só voltou a ser praticado em competições no século 12, na Inglaterra. Lá, evoluiu até meados do século 19, quando assumiu a feição atual, especialmente depois que foram construídas as primeiras pistas universitárias, em 1864, em Cambridge e Oxford. Foram também os ingleses que projetaram a arena do esporte, com o mesmo traçado de hoje, usado pela primeira vez em Atenas-1896.

A simbólica modalidade que não cabe no interior de um estádio, a maratona, é a ponte histórica entre os Jogos antigos e os atuais. Em 490 a.C., os gregos derrotaram os persas numa penosa batalha na planície de Maratona. O soldado Feidípedes, melhor atleta da tropa, foi designado para levar a Atenas a notícia da vitória. E ele correu os cerca de 40 km que o separava da cidade. Ao chegar, informou: ³Vencemos². E caiu morto. Em sua homenagem, ainda hoje os atletas dão a vida pela missão de concluir a prova, na qual tentam chegar mais rápido, pular mais alto, ser mais forte. Citius. Altius. Fortius.

 

Fonte: MICRO OFFICER SERVIÇOS

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