Circuit-Training
Circuit-Training
é um método polivalente adequado a realizar tanto a preparação
cardiopulmonar como a neuromuscular. É, por isto, largamente
empregado no treinamento desportivo pela economia de tempo que
propicia.
Origem:
O CT foi criado em 1953 por R.E. Morgan e G.T. Adamson, na Universidade
de Leeds, na Inglaterra, para permitir o treino em recinto fechado
durante o inverno.
Originalmente
era realizado de duas formas:
- Circuito
de tempo fixo: no qual o atleta perfazia o número de exercícios
possíveis dentro de um tempo pré-determinado em cada estação.
- Circuito
de carga fixa: o atleta faz o circuito realizando um número
standart de repetições em cada estação.
Para a Olimpíada de Barcelona, diversas equipes (EUA, Alemanha,
Itália, Inglaterra e Espanha) de algumas modalidades, realizaram
uma modernização no CT, que se pode considerar como o terceiro
tipo.
- Circuito
de carga individualizada: totalmente ajustado à individualidade
biológica do atleta e ao valor do volume e da intensidade
da curva do treinamento e do microciclo.
Finalidade:
Condicionamento cardiopulmonar e neuromuscular de atletas que
necessitem resistência aeróbica ou anaeróbica, RML, força explosiva,
flexibilidade ou velocidade.
Por seu caráter geral, não desenvolve nenhuma qualidade (talvez
com exceção da RML) em seu grau máximo. É, portanto, um método
complementar dos demais.
Peculiaridades:
O fator especificador do circuito será a qualidade física visada
e o desporto considerado.
Consiste numa série de exercícios (estações) dispostos seqüencialmente
e realizados sucessivamente em interrupção (não há intervalos).
Visando preservar o surgimento precoce da fadiga, deve-se alterar
as intensidades e os grupos musculares trabalhados, de uma estação
para outra, tendo cuidado de escolher exercícios de fácil execução.
Embora o circuito seja o mesmo para cada modalidade, ele deve
ser calibrado em termos de intensidade e volume.
Desvantagens:
Por não ser um trabalho específico, não permite que as qualidades
físicas trabalhadas atinjam o nível que conseguiram com treinamento
especializado (p.ex. resistência aeróbica – métodos contínuos;
resistência anaeróbica – métodos intervalados; flexibilidade
– flexionamento pelos métodos 3S; Tc).
Se houver tempo disponível, o método utilizado no treinamento
das qualidades físicas principais do desporto deverá ser o mais
especializado possível.
O CT de tempo fixo e o de carga fixa serão utilizados, para
o treino de atletas jovens ou iniciantes. No treinamento de
atletas de alto nível só se pode utilizar o circuito de carga
individualizada e mesmo assim para as qualidades físicas secundárias,
e como coadjuvante da preparação técnica ou quando a exigüidade
de tempo assim o exigir.
Vantagens:
- Grande
economia de tempo de treinamento;
- Permite
o treinamento mesmo com condições climáticas desfavoráveis;
- Possibilita
o treinamento individualizado de um grande número de atletas
ao mesmo tempo;
- Resultados
a curto prazo;
- Facilita
ao treinador a organização aplicação e controle do treinamento;
- Pela
variedade de estímulos e pela componente competitiva é um
trabalho altamente motivador;
- Permite
um completo controle fisiológico;
- Facilita
a aplicação da sobrecarga.
Volume:
O CT constituir-se-á de seis a quinze exercícios (estações)
por circuito, podendo ser feitas nele de uma a três voltas.
O circuito deverá ser realizado três vezes por semana.
O CT anaeróbico tenderá a ser realizado em uma volta, ao passo
que o aeróbico tenderá para três voltas.
O número de repetições em cada estação dependerá da qualidade
física visada.
Para finalizar os parâmetros quantitativos de volume convém
ressaltar que o CT poderá ser realizado de três a seis vezes
por semana.
Intensidade:
Baseando-se na intensidade exigida pela qualidade física visada,
Ter-se-á a intensidade do circuito. Nas estações em que se visa
a força explosiva deve-se enfatizar a velocidade de execução,
ao passo que nas de RML o alvo deve ser um grande número de
repetições.
Para se assegurar a homogeneidade do trabalho não se deve dar
intervalo entre as voltas.
O principal fator de interesse na intensidade é caracterizar
o circuito que se vai executar e que poderá ser:
- Circuito
aeróbico:
- Tende
para as três voltas (2 ou 3);
- Prioriza
exercícios de RML;
- Há
maior homogeneidade na intensidade das estações, procurando
manter a FC do atleta na zona alvo.
- Circuito
anaeróbico:
- Tende
para uma volta (1 ou e);
- Prioriza
exercícios de força;
- Grande
alternância de intensidades.
Montagem
da sessão:
1º
Passo – escolha dos exercícios
Os exercícios serão escolhidos em função dos grupos musculares
que serão solicitados durante a prova qual se está treinando
e da intensidade do esforço necessária à sua execução.
Visando a motivação do atleta, e no auxílio à preparação técnica,
deve-se incluir no circuito de três a cinco exercícios característicos
da modalidade desportiva.
Nos desportos que exijam força explosiva dos membros é recomendável
se incluir exercícios pliométricos (excêntricos e concêntricos).
2º
Passo – Montagem do circuito
Uma vez escolhidos os exercícios, esses serão dispostos seqüencialmente,
de forma a permitir uma alternância de intensidade e da região
anatômica considerada.
Após a reunião do material necessário e a montagem física do
circuito, deve-se testá-lo visando observar:
- Propriedade
da distribuição das estações;
- Adequabilidade
do material empregado;
- Distância
entre as estações;
- Exequibilidade
de exceção.
3º
Passo – determinação da intensidade das estações
Neste passo é que se individualizará o circuito, realizando
o teste de carga máxima. Este teste abrangerá as estações que
se disponham de equipamentos com pesos fracionados ou não.
No primeiro caso as estações que consistam na realização de
exercícios com pesos adicionais fracionados (barras e anilhas,
halteres ou máquinas de força), se realiza o teste de peso máximo
de 1 RM (repetição máxima), que consiste em determinar o máximo
peso com qual o atleta consegue realizar uma contração isotônica
concêntrica em toda a amplitude do movimento.
Em seguida verificar-se, para cada estação, a qual a qualidade
física que deseja trabalhar e a faixa de intensidade compatível
com a qualidade.
Da curva do treinamento e do microciclo, verifica-se a intensidade
prevista para o treino.
Deve-se dar um intervalo de 1 minuto entre os teste realizados
em duas estações sucessivas, para permitir uma recuperação parcial,
sem no entanto, comprometer o caráter seqüencial do método.
Por este motivo, o teste de carga máxima deve ser todo realizado
ao longo de uma mesma sessão de treinamento.
Uma vez realizado o TPM 1 RM e aplicado o percentual correspondente
para se chegar à carga de trabalho ter-se-á todas as estações
do circuito como sendo de carga fixa.
Elas são, agora, classificadas em fracas, médias e fortes, conforme
a qualidade física que visem e o tipo de exercício que utilizem.
4º
Passo – Determinação do número de repetições por estação
Conforme o nível de intensidade de cada estação o atleta será
submetido agora ao TRM.
Partir deste resultado e considerando o volume da sessão será
calculado o numero de repetições por estação.
Se o número de repetições ficar fora dos limites estabelecidos
para cada qualidade física, deve-se aumentar ou diminuir o peso
utilizado e realizar novo teste de repetições máximas.
5º
Passo – Calibragem do circuito
Após o circuito estar ajustado para o atleta, este necessita
se adaptar ao circuito, e isto deverá ser feito em cinco sessões
de adaptação.
1ª sessão – realização de 1 volta completa sem intervalo no
circuito, visando a familiarização com o mesmo.
2ª sessão – verificação do tempo mínimo (TM) para execução de
uma volta no circuito.
3ª sessão – duas voltas no circuito para adaptação.
4ª sessão – três voltas no circuito para adaptação.
5ª sessão – determinação do tempo inicial (TI) (menor tempo
que o atleta leva para completar o circuito).
Claro que, se o circuito possuir somente duas ou três voltas,
as sessões 3ª e 4ª serão suprimidas.
6º
Passo – Determinação do tempo objetivo (TO)
Uma vez determinado o tempo inicial deve-se determinar o tempo
objetivo.
O tempo objetivo (TO) será determinado em função do tempo mínimo
(TM).
Aplicação
de sobrecarga
Ao atingir o tempo objetivo o atleta deve ser submetido a um
aumento da carga, que deve ser realizado tanto sobre a intensidade,
(peso dos implementos, altura das barreiras, inclinação da prancha
de abdominal) como sobre o volume (número de repetições em cada
estação).
Para não se perder de vista a qualidade física a ser alcançada,
deve-se realizar a aplicação dos novos percentuais de volume
e intensidade previstos.
Após cerca de 20 sessões (aproximadamente dois meses) observar-se-ão
os primeiros resultados.
Controle
Fisiológico
O atleta, antes de iniciar o circuito, deverá estar com uma
FC de aquecimento. Após o término do mesmo não deverá ultrapassar
a FCmáx. Tomando-se a FC aos 60 seg. após o término, e aos 5
min., verificar-se-á a queda deste parâmetro.
Se após 7 min. a FC não houver ainda retornado aos níveis anteriores,
pode ser indicativo de um estado de strain se delineando.
Fonte:
Artigo
escrito pelo Professor "José Nelson"
( Saúde e Movimento)