SALTOS BÁSICOS

 

1. Introdução

2. Salto frontal grupado sobre o plinto ("Höcke")

3. Salto afastado sobre o plinto ("Grätsche")

  "O salto é o exercício de coordenação dinâmica por excelência. Implica o controle global dos deslocamentos no tempo e no espaço. Exige uma coordenação particular ligada ao equilíbrio e ao controle postural: a impulsão. É a partir dos quatro anos que estas situações-problemas poderão ser propostas". (Le Boulch1).

 

1. Introdução

Quando se pretende aprender um salto sobre o cavalo, é importante que já se tenha feito atividades para a adaptação ao trampolim, que na maioria das vezes é substituído por um equipamento auxiliar chamado mini-tramp (ou mini-trampolim), que é uma mini-cama elástica. Neste caso, estar adaptado ao mini-tramp também será de fundamental importância. Esta adaptação se faz com saltos livres e orientados sobre um colchão de aterrissagem, ainda sem o uso do cavalo ou plinto como obstáculo.

 

Vencida a etapa de adaptação, o que normalmente se aprende são saltos preliminares, que ainda não têm valor no Código de Pontuação por serem extremamente fáceis, mas que irão ajudar na aprendizagem de saltos mais complexos que virão na seqüência. Veremos algumas idéias de trabalho dos saltos preliminares com o mínimo de material possível, possibilitando facilmente que seja desenvolvido um trabalho do tipo em escolas e outros locais não especializados em ginástica artística.

 

Vamos então ao primeiro salto:

 

 

2. Salto frontal grupado sobre plinto (salto “Höcke”)

Objetivos: Desenvolver a coordenação específica para o salto, e as habilidades necessárias para realizá-lo com ou sem o auxílio do trampolim

Material: Área gramada ou colchões para ginástica de solo, trampolim oficial de ginástica olímpica ou material adaptado. Colchão ou caixa de areia para aterrissagem.

Descrição técnica do salto grupado sobre o plinto: Após uma breve corrida de aproximação e tomada de impulso no trampolim com os pés unidos, realizar o primeiro vôo com o corpo estendido e apoiar as mãos sobre o plinto, posicionado na transversal. Nesse instante, desenvolver repulsão de ombros, empurrando o aparelho para baixo, sem flexionar os cotovelos, levando os joelhos ao peito e transpondo o aparelho, em postura grupada. Em seguida, após o segundo vôo, estender o corpo rapidamente até a posição de pé sobre colchão de queda ou caixa de areia (Santos, 1986).

 

Formas de ajuda: dois ajudantes, um em cada lado do trampolim, irão, ao toque dos pés do executante no trampolim, segurar uma de suas mãos no braço e outra conduzindo o executante na direção do salto, com pegada na parte posterior da coxa. (Pode-se trabalhar somente com um ajudante).

 

Sugestões de atividades individuais (Santos, 1986):

 

- “Salto da lebre” no solo: O executante, agachado, deverá saltar para frente estendendo o corpo, para alcançar o solo com as mãos espalmadas, braços estendidos. Em seguida, flexionar as pernas trazendo os joelhos para frente, e apoiando os pés entre as mãos. Estas saem rapidamente do solo para iniciar novo salto da lebre (FIG. 1).

FIGURA 1

Fonte: (Santos, 1986: 150)

 

- Executar o “salto da lebre” sobre o plinto na longitudinal, inicialmente com dois módulos, podendo aumentar progressivamente de acordo com a capacidade dos alunos.

 

- Corrida de aproximação com impulso no solo ou trampolim, realizar salto grupado sobre o plinto, com apoio dos pés sobre o mesmo, seguido de salto estendido para o colchão ou caixa de areia. O número de módulos a ser utilizado no plinto dependerá da impulsão: se for realizada no solo, iniciar com três módulos, se realizada no trampolim, iniciar com quatro módulos. Pode-se ir aumentando a altura do plinto à medida que a habilidade da turma permitir.

 

- Salto grupado transpondo o plinto, inicialmente na transversal, somente após muito treino na longitudinal, como apresentado na figura, com ajuda do professor ou de dois alunos, que deverão posicionar-se ao lado do trampolim ou local de impulsão, segurando o braço do executante com uma das mãos, e a outra impulsionará o corpo para cima, pegando na parte posterior da coxa que estiver do seu lado. Esta ajuda poderá ser eliminada para os alunos com maior habilidade (FIG. 2)

FIGURA 2

Fonte: (Santos, 1986: 149)

 

            Na medida em que o domínio do salto for sendo consolidado, transfere-se a execução para o cavalo para saltos oficial.

   

 

Vejamos agora mais um salto preliminar:

 

3. Saltos afastado sobre plinto (salto “Grätsche”)

Objetivos: Desenvolver a coordenação específica para o salto, e as habilidades necessárias para realizá-lo com ou sem o auxílio do trampolim

Material: Trampolim oficial de ginástica olímpica ou material adaptado. Colchão ou caixa de areia para aterrissagem.

Formas de ajuda: Tanto nas atividades educativas quanto no salto afastado completo a ajuda deverás ser feita por um só ajudante, posicionado na área de queda (após o cavalo), e que fará uma puxada pelos braços do executante na direção da área de aterrissagem, puxando-o desde o 1º vôo, até que este recupere seu equilíbrio na posição final.  No momento da ajuda o ajudante deverá deslocar-se para trás, evitando chocar-se com o executante.

Descrição técnica do salto afastado sobre o plinto: Após uma corrida e tomada de impulso no solo ou trampolim, com os pés unidos, o executante realizará o primeiro vôo com o corpo estendido até tocar com ambas as mãos no plinto, disposto transversalmente, braços estendidos e alinhados aos ombros. Nesse instante, ele deverá desenvolver repulsão de ombros, empurrando o aparelho para baixo e realizando o segundo vôo com as pernas afastadas. Ao iniciar a fase descendente deste último vôo, as pernas estendidas deverão se unir até a posição de pé sobre colchão de queda ou caixa de areia, amortecendo o impacto com semi-flexão dos joelhos, estendendo-os a seguir.

 

Sugestões de atividades individuais ou em duplas (Santos, 1986):

 

- Realizar o “salto da lebre”, descrito nas atividades do salto grupado sobre o plinto, porém, com afastamento das pernas estendidas no plano frontal (FIG. 1). Feito isto, o próximo passo será realizar o “salto da lebre” tentando exercer maior repulsão dos ombros sobre o solo.

FIGURA 1

Fonte: (Santos, 1986: 157)  

- Em duplas, um aluno agacha no solo, e o outro irá, após alguns passos de corrida, tentar saltar por sobre suas costas, apoiando as mãos conforme FIG. 2, e passando as pernas afastadas e estendidas pelas laterais do colega, unindo a seguir para aterrissar de pé (“pula sela”). O aluno que estiver agachado poderá aumentar a altura de suas costas na medida em que o colega for solicitando. As posições se invertem após algumas repetições, para que ambos os alunos realizem a atividade.

FIGURA 2

Fonte: (Santos, 1986: 156)

 

- Partindo da posição agachada sobre uma das extremidades o plinto, disposto na longitudinal, o executante deverá realizar o “salto da lebre” com as pernas afastadas e estendidas, apoiando as mãos na extremidade oposta do plinto, com braços estendidos e alinhados aos ombros. Deverá haver um auxiliar, que ficará de frente, segurando o executante pelos braços e puxando-o em sua direção, acompanhando o exercício até sua finalização no solo, com pernas unidas (FIG. 3).

FIGURA 3

Fonte: (Santos, 1986: 157)

- Realizar uma corrida e impulsão no trampolim ou solo, e fazer o salto afastado sobre o plinto, com ajuda do professor, apoiando as mãos e em seguida os pés sobre o plinto, realizando salto estendido para finalizar de pé sobre o colchão ou caixa de areia.

 

- Após corrida e impulsão no trampolim ou solo, realizar o salto afastado completo, com ajuda, transpondo o plinto somente com o apoio das mãos.

 

- Os alunos que já tiverem segurança poderão realizar o salto afastado propriamente dito, sozinhos, utilizando-se do equipamento oficial.

 

 

1 - LE BOULCH, Jean. O Desenvolvimento Psicomotor: do Nascimento aos 6 Anos. Porto Alegre. Artes Médicas, 1982.